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O vento forte que soprou

março 13, 2021

Desde o início de 2020 estávamos vivendo como os mensageiros de Jó. Víamos os noticiários, familiares morriam e não podíamos nos despedir por conta das limitações que a pandemia trouxe e o próprio vírus também vitimava nossos queridos, mas nós escapávamos para contar o ocorrido. E foi assim por sete meses.

Me lembro de não estar nada bem e não ter paz pra viver os meus dias quando tive a ideia de trazer meus avós para viverem comigo, aproveitando a oportunidade, pois eles não estavam vivendo um momento muito bom na cidade em que moravam. Demorou um pouco, mas eles optaram por aceitar meu convite e vieram. Juntos nós cuidamos da saúde, nos fizemos companhia, vivemos momentos maravilhosos, conquistas e planejávamos viver muito mais. Choramos nossos lutos e tentávamos nos recuperar deles. Vivíamos a vida que tínhamos para cada dia e parecia que isso duraria muito tempo. Parecia.

Todo mundo sabe que faz parte do ciclo natural: nascer, crescer, viver e morrer, mas a gente não tem noção do tempo que vai levar até que o ciclo se complete. E o tempo é um para cada um. Cada história é diferente. E meus avós, nasceram os dois, um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial e cresceram enquanto o mundo se recuperava da pior vergonha, da maior crueldade vivenciada e praticada por seres humanos naqueles tempos. Eles, apesar de ainda serem crianças, ouviram pelo rádio e acompanharam pelos jornais e revistas da época a Seleção Brasileira de Futebol perder, em casa, a Copa do Mundo de 1950. Se não fosse pela Guerra, o torneio teria sido realizado nos períodos normais anteriores e teria ocorrido no Brasil bem antes que pudessem ter ciência, mas como a Europa estava em ruínas e os jogos ficaram paralisados por tanto tempo, nosso país se ofereceu à Federação Internacional de Futebol para sediar o evento. Enquanto cresciam tinham que lidar com todas as dificuldades da vida humilde e difícil que levavam junto às suas famílias de origem. Meu avô, inclusive, assistiu o pai adoecer, ser levado de casa para o que fora o holocausto brasileiro em Barbacena – MG e anos mais tarde, sem explicação, receber com sua mãe e seus irmãos uma carta do sanatório dizendo que o pobre homem lhes havia deixado órfãos e por ninguém reclamar o corpo foi sepultado como indigente. Apesar de tudo puderam viver a infância, a adolescência da maneira que lhes era possível e trabalhando para ajudar no sustento de casa. Eles eram primos primeiros e se casaram com o acordo de ele aceitar criar dois sobrinhos da minha avó que ficaram órfãos de pai de forma muito precoce, enfrentaram uma vida difícil, perderam e tiveram filhos e continuaram vivendo a vida, vencendo, perdendo, mas vivos e juntos. Viram em 2018 (68 anos depois) o Brasil perder a Copa outra vez, dentro de casa, só que muito mais perto deles, em BH, bem próximo do bairro onde moravam. É muita história, não é?! E tem mais… meu avô era um motorista muito bom e chegou a viver disso como profissão também. E ele me carregava pra baixo e pra cima de carro quando eu precisava também, até que sofreu um infarto em 2009 e não quis mais bater volante. Mas dez anos depois eu quis tentar obter minha CNH e, com muitíssima dificuldade, batalhando nos dois anos seguintes consegui. Tão felizes ficaram os meus avós que me ajudaram a comprar um carro para nos auxiliar na nossa vida diária, tendo em vista que já morávamos juntos. Desfizeram da Kombi que adquiriram Zero KM tantos anos antes para me ajudarem nisso e eles foram os meus primeiros caroneiros.

Eu nasci em 1991 e fui o primeiro neto dos meus avós. A casa deles foi o primeiro lugar que eu também pude chamar de “minha casa” e lar. Ali eu dei meus primeiros passos, disse minhas primeiras palavras. E depois muita coisa aconteceu, inclusive, eu sonhar em cuidar dos meus avós que me cuidaram e tanto me amaram. Nos últimos sete meses eu fiz o máximo que achei que podia fazer para cuidar da saúde dos meus velhinhos e tudo parecia estar muito bem. Os resultados dos exames clínicos melhoravam cada vez mais e tínhamos toda a assistência que a cidade em que vivemos nos proporciona. Havia alguns dias que ele tinha mudado seu comportamento em algumas coisas que estávamos estranhando: Ele não estava mais jantando, não cozinhava mais e evitava fechar a porta do banheiro enquanto estava lá, por exemplo. No último dia 25/03 fomos à uma consulta oftalmológica que eu havia conseguido marcar para eles e, no caminho de ida, uma tosse do meu avô me chamou atenção, mas não era nada fora do comum e, obtivemos naquela consulta médica mais notícias boas. No dia seguinte, a tosse aumentou um pouquinho e veio com sintomas gripais que começamos a tratar com antigripais comuns, chás, nada que não seja comum para qualquer família. Mas aquele fim de semana tornou-se angustiante e na segunda-feira minha avó também tinha sintomas gripais e, como são correlacionados à pandemia que vivemos, decidimos procurar ajuda médica e rapidamente fomos atendidos e naquele mesmo dia 01/03 providenciamos todos os medicamentos que haviam sido receitados pelo médico. Minha avó logo apresentou melhora, mas meu avô se entregou e se prostrou. Na terça ele já tinha dificuldades pra se locomover sozinho e estava bem fraco, nos dias seguintes só foi piorando, mas recebemos visita do médico, enfermeiro e aguardávamos o efeito dos medicamentos e nada de mais grave passava por nossa cabeça. O teste SWAB para o Coronavírus foi feito na quinta-feira e o médico ouviu os pulmões dele e disse que a escuta estava limpa. Na sexta-feira (05/03) meu avó estava abatido, e seguiu assim por todo o dia. Ele passou mal nas noites anteriores, mas eu consegui dormir, porém não nesta última noite. Ele respirava ofegantemente e dizia estar muito aflito. Medíamos a temperatura, pressão arterial, glicose e fazíamos tudo o que podíamos e obtínhamos bons resultados até que adentramos uma madrugada de muito calor e ele começou a fazer uma oração em que podíamos entender algumas palavras e outras não. Ele gostava de dormir ouvindo canções cristãs e eu coloquei um fone em seus ouvidos enquanto lágrimas correram em seus olhos. A febre, pressão arterial e respiração oscilavam e decidi acionar socorro. Enquanto a ambulância não chegava, a febre baixou, a respiração se tranquilizou e houve silêncio pela primeira vez naquelas longas horas. O socorrista e o motorista da ambulância, preparados, fizeram todos os procedimentos que já lhes são comuns, colocaram meu avô no carro e de repente nos pareceu que ele sofrera algum mal que não sei explicar, mas ele olhou ao redor e seus olhos se paralisaram num canto, as pupilas dilataram e um brilho diferente se instalou ali. Imaginei que o pior houvesse ocorrido, mas lhe deram oxigênio e seguimos para o hospital. A estrada estava limpa, vazia, nos permitindo escolher entre mão e contramão, o atendimento de urgência do pronto socorro estava vazio e escuro, não havia ninguém a não serem o motorista, o socorrista, o recepcionista e porteiro, o médico, duas enfermeiras e eu porque meu avô já havia deixado o corpo mortal. Eram 04h33min da manhã e minha vida parou também porque jamais imaginei que quase 30 anos depois de nascer e ser acolhido pelo meu avô eu o devolveria a Deus e prepararia tudo para que seu corpo fosse sepultado, além de dar a notícia à minha avó. Curiosamente na sexta-feira eu fiz o pagamento do último talão do carnê do plano funerário que nunca ousei pensar que teria que usar. Dois dias depois recebemos o resultado positivo daquele teste e a irmã mais velha do meu querido avô, por quem ele tanto orava e perguntava a Deus se havia sido esquecida na Terra também deixou este mundo.

O vento que soprou sobre tantas famílias em várias partes do mundo, trouxe uma onda forte que arrastou consigo amigos, familiares e pensei que jamais nos tocaria, mas nos tocou e nos desestabilizou fazendo com que possamos entender outra vez que tudo está sob o controle de Deus, que Ele sabe o que faz e nós não sabemos de absolutamente nada.

Meu avô me viu nos meus primeiros dias de vida e me deu de presente a graça de viver com ele bem junto a mim os seus últimos dias. O vento soprou e o levou consigo, mas nós que ficamos temos que contar que até no último instante ele guardou a fé nos fez ver que Deus nunca nos desampara.

Agora permanecem as doces lembranças, as ruins que ainda serão apagadas e a esperança de um dia nos reunirmos outra vez.

Te peço, amigo leitor, que se cuide e cuide de seus amados porque o vento nunca parece perigoso o bastante enquanto só sopra sobre outras pessoas, mas quando nos toca… Ai! Como é doloroso!

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O machismo também afeta os machos

maio 28, 2020

“O machismo é como a água do mar numa praia qualquer onde se banha a sociedade. Uns estão molhando apenas os pés, outros já têm água pelos joelhos, outros estão imersos até os ombros e existem ainda aqueles que estão se afogando.”

Vivemos em uma sociedade com pensamento e costume machistas porque desde o princípio a civilização foi organizada e doutrinada por homens. A figura masculina sempre foi vinculada à força, virilidade, inteligência e a outros atributos, mas também a defeitos que eram e ainda são considerados como características virtuosas que fortalecem a “identidade” deste gênero.

O machismo afeta o homem, o macho, sabe. “Homem não chora”, “homem não pode ser tímido”, “homem tem que ser forte”, “homem cospe no chão e coça o saco”, “homem tem que falar grosso”, “homem tem que ter calo na mão”, “homem não apanha”, “homem que é homem não tem vaidade”, “homem tem que ser pegador”… Quem nunca ouviu essas frases? Pois é, é imposto ao homem uma série de estereótipos e protocolos pra que ele seja valorizado e reconhecido como homem pelas pessoas, não basta ter nascido e se identificar com o gênero masculino. Se por acaso, o ser humano nascido num corpo do sexo masculino e que se se sente bem assim, não seguir todos esses tabus, protocolos, estereótipos e seja lá como mais quiserem chamar, ele é comparado à mulher e vira motivo de chacota. Se o cara é educado demais é “mariquinha”, se gosta de se cuidar e é vaidoso é “mulherzinha”, se ele tem sensibilidade e aptidão para as artes é uma “moça”, se ele tem mais habilidade no campo das ciências humanas do que das exatas ele é uma “donzelinha” e por aí vai, sempre ofendido com termos femininos porque a mulher é inferiorizada pela sociedade machista.  A mulher é tida como frágil em relação ao homem, ela é inferiorizada simplesmente por não ser homem. Mas hoje em dia tem muita mulher dando um verdadeiro show na macharada. Grande parte das mulheres cisgêneras menstruam todos os meses e sentem terríveis dores das cólicas menstruais. Elas sabem que em certo período de cada mês isso vai acontecer, mas nem por isso podem se ausentar do trabalho secular e do trabalho doméstico (casa, filhos e afins). Durante nove meses da gravidez muitas também sentem-se mal e dizem que a dor do parto natural é como a dor de mais de vinte ossos se quebrando ao mesmo tempo, contudo elas dão conta e até se animam a gerar mais filhos: homens e mulheres.

As mulheres estão estudando mais, têm uma jornada de trabalho igual ou superior à dos homens e os afazeres domésticos, bem como a educação de crianças não são mais feitos só por elas. Na verdade, serviços domésticos e educação de filhos nunca foi uma tarefa só das mulheres porque o processo da reprodução humana depende também dos homens, a mãe de família não vive sozinha numa casa, não suja todas as louças e roupas, portanto a responsabilidade com tudo isso não deve ser entregue somente a ela. O machismo impõe ao homem cargas que ele não precisa carregar sozinho e, na tentativa de fazer isso, quando ele falha se sente indigno, se culpa e pode até chegar a questionar sua identidade. Hoje em dia, por exemplo, a mulher trabalha fora porque seu salário contribui para o orçamento familiar, o que por anos era considerado como obrigação do homem. Há casos também em que a mulher tem um salário superior ao do marido e, isso ainda é motivo de preconceito pra muita gente, sobretudo para gente machista.

O mundo mudou e os pensamentos e costumes também precisam se adequar à nova realidade. A força que faz a máquina da vida funcionar nem sempre é física, mas é o poder do conhecimento, da sabedoria, da renovação das nossas mentes. Não existe uma receita para a perfeição. Não existe essa coisa de quem é melhor, quem é mais forte. Não existem super-heróis e ninguém é inabalável e tampouco resiste a tudo. Cada um é único, cada um tem características que o compõe como ser e assim todos cooperam para a continuação da vida. Sem as diferenças, sem os homens, sem as mulheres, sem os antônimos e os sinônimos nós não saberíamos distinguir as coisas e nem sequer saberíamos experimentar a sensação de cada situação da vida humana. O homem e a mulher são coexistentes nesse planeta, se não fosse pelos dois juntos ninguém existiria e nenhum deve levar sozinho mérito algum. Essa discussão está longe de acabar, mas acredito muito que é possível chegarmos a um consenso pacífico onde ninguém será melhor que ninguém e será entendido que homens e mulheres são igualmente essenciais para tudo nessa vida.

Esse texto foi escrito com colaboração de uma antiga amiga chamada Ingrid Queiroz, a quem agradeço pela paciência e inteligência.

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Viva as diferenças!

maio 18, 2020

A sociedade vive em constante guerra pela razão, pela certeza absoluta e irrefutável. Sempre alguém tem que ter uma verdade pra jogar outra por terra e assim ser aplaudido enquanto quem discorda é calado pelas circunstâncias.

Uma pessoa me disse um dia que o reconhecimento está acima do respeito. Entendi que quando você entende que outro alguém tem escolhas diferentes das suas e que ele vive de um modo diferente do que você pensa que seria o ideal e, mesmo assim, conseguem ter algum relacionamento (amizade, coleguismo e afins) sem que as diferenças atrapalhem ou impossibilitem esse relacionamento, significa que além do respeito, há o reconhecimento da forma de vida desse outro ser humano como válido, então concorda-se que a outra pessoa tem o direito de escolher ser diferente de você.

É óbvio que em algumas situações vão existir verdades absolutas e irrefutáveis (provas, comprovações, explicações científicas), mesmo assim vai existir quem discorda e apresente outras versões, inclusive quem concorda e apresente complementos pra fortalecer essa verdade.

É possível viver e conviver superbem com quem pensa e tem conceitos diferentes dos nossos. É só haver respeito mútuo. É só se lembrar que porque o outro não é como você, isso não faz com que ele se torne inferior. O mundo é tão bonito, a vida é tão simples, mas a gente tem que estragar tudo com nossos preconceitos, pré-conceitos e por achar que existe um padrão absoluto que deve ser adotado como modo correto de vida pra todo mundo. Reconheçamos que cada um adota para si o costume, a vida que melhor lhe apraz e assim cooperemos uns com os outros pra que haja paz, pra que a violência diminua, pra que a desigualdade não exista mais. Pra vida funcionar precisamos uns dos outros.

Respeito e reconheço que ninguém é obrigado a gostar da mesma comida, roupa, cores, programas de TV que eu gosto. Ninguém é obrigado a aceitar a minha religião como verdadeira, mas devem respeitar o meu culto, meus rituais e também preciso entender que há momento e lugar certo pra fazer isso. Ninguém é obrigado a concordar com minha opinião, mas preciso aprender a expô-la quando for solicitada. Se você não concorda com alguém, se alguém não concorda com você, tá tudo bem, dá pra viver e conviver assim é só não fazer o que o outro faz (aquilo que você discorda e crê que não te faz bem), nem obriga-lo a fazer o que você faz (porque acha que está certo e te faz bem) e entender que há tempo e espaço certo pra tudo. Se não consegue conviver com alguém porque discorda das opiniões e do modo de viver dele, afaste-se então, mas não impeça que ele viva. Todos temos direitos e também temos deveres. Nós, assim como os outros, temos o direito de ser respeitados e reconhecidos.

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Soluções do desejo

maio 12, 2020

Ei! Bons tempos!

Ontem (11/05/2020) foi um dia difícil. Foi mais um dia daqueles em que me sinto muito sozinho e desanimado, depois de voltar da casa dos meus avós em BH, onde eu me aconchegava no “calor do ninho”.
Há oito anos convivo com encontros e despedidas em relação à minha família. Minha realidade típica é estar em casa sozinho com meu cãozinho (que ama brincar, é bastante silencioso, mas não tem muita afeição por tato. Ele não é bravo, mas não é como os outros cãezinhos que tive que gostavam de ficar no colo, pediam cafuné, enfim.), minhas plantas e meus afazeres. Ah! Agora, pra me deixar meus dias diferentes e mais cítricos, o pé de mexerica lá de casa frutificou e os frutos estão maduros, sempre apanho uma tangerina/mexerica/bergamota/mandarina fresquinha pra saborear.
No último domingo, bem no finalzinho da tarde, cheguei em casa e de repente estava sem aquela montoeira de familiares de lá de BH. Ontem “a ficha caiu” e foi um dia em que eu estava bastante desanimado, triste, com bastante dor de cabeça e, ao voltar pra casa depois do trabalho, só queria ficar deitado e ouvindo o barulho ensurdecedor do silêncio da solidão. Olhei para a cozinha e a pia estava lotada de louça suja, que sozinho dei conta de sujar e acumular, o chão estava coberto de ciscos e então parei pra refletir. Do nada surgiu um pensamento em minha mente me dizendo sobre o desejo (vontade/querer/intenção misturado ao ânimo) que, tem 4 pilares, 4 “soluções” (entre aspas porque não era bem essa palavra, mas não consegui pensar em outro termo): Possibilidade (quero ou nem quero e, é possível fazer); Obrigação/Dever (preciso ou devo fazer, tenho que fazer); Momentaneamente Impossível (não é possível agora, ou seja, pode acontecer, mas preciso esperar chegar a hora certa [curto e médio prazo]) e Impossibilidade (pare de pensar nisso ou pare de querer porque não pode ser, não dá, não tem jeito![pode até ser possível em longo prazo, mas como a gente não tem saco pra aguentar esse longo prazo e o longo é subjetivo à cada indivíduo, taxo como impossível]). Às vezes, esse processo, essas quatro partes podem ser frases imperativas ou até interrogativas. No exemplo das minhas condições ontem se resumem assim: Eu não queria estar aqui, queria voltar pra BH e viver com minha família todos os dias, “para sempre, amém!” como era antes, era esse meu desejo e até concluir se seria possível ou impossível, os pilares foram interrogativos até que concluí que era adversativo à ideia de possibilidade, ou seja, seu padrão é a impossibilidade. Ficou confuso, eu sei, mas com calma da pra entender. Daí voltei meus olhos e pensamentos para a situação da minha casa, observei que apesar do desânimo eu devia limpar, seria possível fazer, me levantei, tomei um banho pra dar aquela revigorada, lavei a louça, tirei poeira e aspirei o chão da casa. Ao fim disso tudo me veio uma paz, uma satisfação e dei o primeiro sorriso do dia (que já estava quase acabando), tive vontade de comer (mas resisti bravamente) e adormeci feliz da vida.

Seja feliz agora. Contente-se com o que for possível e “tire o olho da preocupação”, da ansiedade, do que pode roubar seu ânimo, seu prazer, seu vigor, sua força.

Perdão pelo texto imenso pra falar uma coisa tão simples e pequena, mas espero ser relevante pra você que leu até aqui.

Forte abraço!

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O último dia

maio 9, 2020

Os últimos dias têm sido difíceis. E acreditem que, por incrível que pareça, não são os últimos dias, mas todo dia acordamos com a expectativa de que seja o último dia.

Em 26 de fevereiro de 2020 o Brasil teve o primeiro caso confirmado de COVID-19, algo que pensávamos que ficaria restrito apenas aos países da Ásia e a alguns países europeus, mas os casos em nosso país só foram aumentando até que em meados de março começamos a viver a quarentena, distanciamento, isolamento social ou como queiram chamar.

Eu tenho quase trinta anos de idade, ainda falta um pouquinho pra eu ter isso tudo, mas já tenho quase e nunca vi uma doença viral tão avassaladora e que se alastra com tanta facilidade e agressividade como esta. Me lembro um pouco da “Vaca Louca”, “Gripe Aviária”, “Febre Aftosa”, “Gripe Suína ou H1N1”, “Febre Amarela”, mas nada era tão feroz quanto ao novo Coronavírus. Nos tempos em que passamos pelas doenças que citei, não precisávamos parar nossas vidas como temos feito agora. Ainda podíamos trabalhar, comércios abriam, os transportes coletivos municipais e intermunicipais circulavam normalmente e não tínhamos um consumo tão elevado de água, sabão e álcool gel. E eu me lembro também que quando assistia aos noticiários não se falava só do aumento dos casos das doenças, mas ainda se falava dos novos milionários que acertavam nas loterias, dos ricos que estavam falindo, de criminosos que eram presos, das rebeliões em presídios, havia também estreias de novelas novas, era possível ir aos cinemas, teatros e os shoppings continuavam abertos e lotados pelas aglomerações de pessoas.

Na minha família já existem casos de pessoas afetadas pela crise econômica que a pandemia atual trouxe consigo. Alguns familiares que trabalham em comércio estão impedidos de trabalhar, outros que são autônomos também não conseguem trabalhar e não se encaixam nos perfis exigidos pelo governo pra que possam receber os auxílios emergenciais, um outro que está em outro país e aguardava ansiosamente pra reunir sua família lá consigo e agora não pode sequer voltar ao Brasil. E não citei os diversos amigos, colegas e conhecidos que também estão desesperados. Fiz um amigo italiano (Federico Maltagliati) e ele já estava vivendo as medidas de segurança recomendadas pela OMS, mas eu acreditava que aquilo nunca seria experimentado aqui na minha terra. Nos falávamos e eu o consolava, hoje ele me consola.

A realidade do Brasil é ligar a TV nos noticiários e ver que os óbitos causados pelo “Corona” só aumenta, os casos confirmados de infectados também só cresce e a expectativa é que aumente ainda mais. Mas a gente só quer que isso acabe, ler jornais, ouvir o rádio falar que amanhã será o último dia da quarentena, que não mais vamos precisar nos confinar em casa e sair só quando necessário. Queremos poder saber que desde um tal dia não se têm mais casos de infecções pelo vírus, que num tal dia da semana passada foi o último dia em que alguém deu entrada no hospital infectado, mas que saiu curado. A gente só quer que hoje seja o último dia em que nossa esperança foi adiada porque nosso coração já se enfraqueceu demais e daqui a pouco já não aguenta mais. Que seja o último dia de dor e que amanhã seja o primeiro em que voltamos a ser felizes demais.

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Cuide do seu próprio pecado!

abril 21, 2020

Bons tempos!

2020 começou com ares de que seria um ano maravilhosamente ótimo, mas fomos surpreendidos com esse novo coronavírus que já tá um saco! O mundo inteiro está vivendo com esse distanciamento, isolamento social, quarentena…sei lá como preferem chamar. Acho que nós, brasileiros, temos muita dificuldade de lidarmos com isso… é bem complicado não poder promover nosso happy hour, tomar aquele cafezinho na padaria com os colegas, dar aquela esticada no barzinho com os amigos, ir às reuniões da igreja que ocorrem costumeiramente aos domingos, não poder dar festinhas. Mas enfim, é necessário. Deus nos ajude!

Eu estava muito entediado, por isso, resolvi vir expôr meus pensamentos aqui e quero agradecer a você, caro leitor, de antemão por ter me cedido um pouco do seu tempo. E vou pedindo desculpas também porque não sei ser sucinto. Preciso melhorar.
Ah! Deixei como reforço para parágrafos específicos do texto versículos bíblicos que acredito reforçarem meus pensamentos. A bíblia sustenta a fé cristã (católica, protestante, espírita e não sei mais quais vertentes do cristianismo) e é bastante acessível, seja impressa ou de maneira digital, aqui mesmo na internet. São textos longos, por isso, deixei os nomes dos livros, capítulos e versículos em negrito ao final de cada trecho para que você tenha referência se optar por lê-los em um outro momento, ok?!

Há algum tempo venho pensando no que vou escrever. É que fico impressionado com nossa necessidade de estarmos a par do que ocorre na vida alheia, de “comentarmos” (entre aspas mesmo porque o nome disso deveria ser fofoca ou maledicência, melhor dizendo, como ensina a Bíblia Sagrada) com outras pessoas baseando-nos na desculpa cheia de lorotas da troca ou compartilhamento de conhecimentos e opiniões.

Cada um tem sua própria vida pra viver e, não é nada fácil. É difícil, sobretudo ser adulto e responder por si mesmo. Cada minuto é único, o tempo que se perdeu não volta, não dá pra recuperar, só é possível fazer diferente daqui pra frente, por isso, não entendo nossa preocupação ou persistência em estarmos sempre antenados com os “escândalos” da vida alheia.

É chocante descobrir que o vizinho da direita consome drogas ilícitas, por isso, não dá pra ficar calado, é preciso comentar com a vizinha da esquerda. Do mesmo modo não dá pra acreditar que a mulher que mora no andar de cima trai o marido com o chefe dela, é tão absurdo que tem que ser pauta do próximo encontro com as amigas ou amigos (homens e mulheres fofocam, tá bom?)… Ah! Mas não podemos nos esquecer de que o marido também trai essa pobre moça, logo “chumbo trocado não dói”. E o que dizer do sobrinho da colega de trabalho que é homossexual? “Um rapaz tão bonito!” “Que desperdício!” “Que absurdo!” “É o fim do mundo mesmo!” “É o pecado tomando conta da juventude!” “Sangue de Jesus tem poder!”. Que o sangue de Jesus tenha poder da nossa língua, isso sim! Se os terceiros pecam por suas escolhas, nós pecamos pela nossa que é a manifestação do nosso “dom da língua comprida” (ironia mesmo). Meu amigo e minha amiga, o que direi agora serve pra mim mesmo, por favor, não vamos mais pesar nossa cruz com a vida dos outros, deixa cada um com seus pecados, cuidemos nós dos nossos que já dão trabalho demasiado. Sei que você, leitor, está entendendo o que estou falando. Estou falando de forma lógica e prática, sem espiritualizar nada, mas cuidar da nossa própria vida e frear a boca foi ensinamento de Jesus. Cuidado com a língua!


“Quem de vocês ama a vida e deseja ver dias felizes? Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade.” Salmos 34.12-13
“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no que diz, tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo”. Tiago 3.2
“Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo. Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.” Tiago 3.3-6
“Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero.” Tiago 3.7-8
“Com a língua bendizemos o Senhor e Pai e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim!” Tiago 3.9
“Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados.” Mateus 12.36-37
“Quando são muitas as palavras, o pecado está presente, mas aquele que consegue controlar sua língua é sensato.” Provérbios 10.19

Eu poderia citar mais textos sobre a língua, porém, você mesmo pode procurar porque o Google é o pai dos preguiçosos.

Por fim, o que quero dizer é que cada um é responsável pelas consequências daquilo que faz. O cônjuge que trai, aquele que usa entorpecentes, o homossexual, o promíscuo, o homicida, o ladrão e aquele que fala da vida dos outros, cada um é inteiramente responsável pelas consequências de suas escolhas tanto aqui nesta vida quanto no juízo. Logo, não precisamos nos preocupar com as diferentes maneiras com que pecam nossos semelhantes, pois todos viveremos as consequências das nossas próprias ações. Deus tem sua vontade que é boa, perfeita e agradável pra nós, mas quando escolhemos viver uma vontade diferente, Ele respeita porque não impõe o que quer, Ele é educado e nos dá liberdade pra escolher. Se Ele que é Deus respeita se alguém não escolhe viver o que Ele pensa que é o melhor, porque nós vamos julgar as diferentes escolhas dos nossos irmãos, vizinhos, parentes, amigos, colegas, conhecidos?

Neste período de quarentena, nos encontramos isolados e distanciados porque temos o interesse e senso de cuidarmos da nossa saúde. Ninguém quer sofrer as mazelas da COVID-19. Então, queridão, escolha cuidar da sua própria vida, da sua própria cruz, dos seus próprios pecados e vamos, por favor, deixar para os outros a vida que é de cada um, a escolha que é de cada um e que não nos diz respeito, combinado?!

“(…) Todos havemos de comparecer ao tribunal de Cristo (…) de maneira que cada um dará conta de si mesmo a Deus (…) portanto, não julguemos mais nossos irmãos, fazendo com que nosso propósito não seja pôr tropeço ou escândalo ao nosso semelhante.” Romanos 14.10-13

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31/08/2019 – 28 anos

setembro 1, 2019

2018 estava sendo mais um ano muito difícil em minha vida. Era mais um ano me sentindo como um barco à deriva em um mar muito bravio. Na verdade, eu precisava ser como um barco, mas me sentia mesmo como uma jangada.
Tinha perdido minha identidade própria, tinha perdido o gosto por viver, e nem podia pensar só por mim e em mim. Eu estava ferido, não sabia como me curar e, por consequência, feria também o meu próximo.
Chegou um momento da minha vida em que eu não aguentava mais lidar com a pressão, com as expectativas alheias a meu respeito e com os danos que tudo isso causava em mim e eu, consequentemente, causava a quem estava ao meu lado naqueles quase 05 anos, desde agosto de 2013. E nós também já não nos sintonizávamos mais, não conseguíamos concordar com mais nada, somar um à vida do outro e assim nos proporcionar a felicidade que havíamos nos prometido. Nos sugávamos, nos sobrecarregávamos e ainda tomávamos sobre nós o fardo de mantermos as aparências pra agradar aos externos. Só que chegamos ao limite de tudo: ao limite do cansaço, ao limite do medo, da angústia e até da resistência espiritual. Mas alguém tinha que ter coragem de tomar uma decisão e sob muita dificuldade, aflição, dor e receio eu tomei. Pedi o divórcio, optei pelo rompimento, pelo fim de um casamento que acreditamos que seria pra sempre, sim, pois ninguém se casa pra não dar certo.
5 anos se passaram desde que eu havia deixado de viver sozinho numa cidade que não era a minha e, de repente, preciso reaprender e me readaptar a viver sozinho e por mim mesmo outra vez. Foi muito difícil e ainda hoje não tem sido fácil. Meu aniversário no ano passado foi um dia muito ruim. Eu só queria que aquele dia terminasse bem rápido, mas isso não acontecia. Lidar com as lembranças e as frustrações me estava sendo um martírio. Eu me casei no dia do meu aniversário, pra quem não sabe.
Ao longo do tempo em que permaneci casado, sem querer e sem perceber, me afastei de muitos dos meus bons amigos. Hoje tenho retomado tudo, não tem sido fácil porque tudo mudou, mas Deus é fiel e me tem sustentado em graça.
Tenho a mais absoluta e ousada certeza de que foi a melhor decisão que tomei. Nossas vidas têm caminhado por estradas que não se cruzam e, não procuro saber sobre ela, mas volta e meia fico sabendo de alguma coisa porque pessoas próximas ou que conviveram conosco cismam que tenho interesse e/ou obrigação de saber alguma coisa, mas me alegro em saber que ela está bem e que tem vivido seus sonhos, bem como eu estou vivendo os meus.

Após ter atravessado como que um deserto de calor tórrido durante o dia, frio intenso durante a noite e sentir dor até pra respirar durante aquele segundo semestre de 2018, onde queria a todo custo me realinhar, me reerguer, decidi reprogramar minha vida e realizar os sonhos e projetos que sempre tive.

2019 tem sido um ano desafiador, mas tenho crescido e vencido muito! Sou vitorioso até quando perco. Tenho amadurecido bastante, como eu precisava, em vários aspectos e não tenho mais medo das línguas das pessoas, dos olhares condenatórios, das maldades. Assim tenho seguido a vida. Tenho sido feliz porque tenho esse direito. A minha vida não acabou, recebi outra chance dela e vou prosseguir até realmente chegar ao fim com uma maravilhosa história pra contar. E assim estou comemorando os meus 28 anos de vida. Cada vez mais longe dos 18 e mais perto dos 30. Já comemoro me despedindo porque quero e vou viver mais e a gente já chega numa idade de partida para um ano depois.

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Vinte e oito de fevereiro de 2019

março 11, 2019

O texto está com um certo atraso, mas ainda é tempo de falar sobre essa data específica.

Neste último dia 28 de fevereiro eu completei sete anos de estadia em Catas Altas.

Eu ainda me lembro das muitas dúvidas e incertezas, da indecisão, da insegurança de deixar toda a estrutura que eu havia adquirido em Belo Horizonte, do conforto da minha família (de quem eu nunca havia me afastado dessa maneira), dos meus amigos, da igreja que eu frequentava. Eu era só um menino. Tinha acabado de passar por um período muito turbulento, emocionalmente falando, e sinceramente não sabia o que seria da minha vida, estava tão frágil, tão machucado que até respirar era uma tarefa muito dolorida. E naquele momento, sair do seio familiar, da cidade onde fui criado, da casa onde eu tinha tudo na mão, do emprego que eu tinha e da comunidade em que eu vivia não me parecia ser a melhor ideia, ainda mais porque Catas Altas era um destino que para mim meses antes teria outra finalidade. Eu não queria mais vir, mas me tornar um servidor público era um sonho antigo que sempre pensei que não fosse alcançar porque, sim, me subestimava ainda mais do que faço hoje. Mas minha avó é uma mulher de muita oração e poucos anos antes, me lembro bem, ela recebeu de Deus um pedido especial que era para que cuidasse de mim. Não bastasse a forte ligação que já tínhamos, ficamos ainda mais unidos. Vovó orava nas madrugadas, orava na igreja, no pé da cama, subia montes e faltou me “queimar” na “fogueira santa” (risos), e ela pôde perceber que Deus tinha em Seus planos que eu viesse pra cá, só assim tivemos paz de tomar essa decisão.

Uma semana antes do dia 28, uma pequena comitiva formada por meu pai, minha avó e uma tia-avó me acompanhou até Catas Altas, onde procuramos um lugar para que eu pudesse me instalar e resolvemos tudo. Aquela semana passou muito rápido enquanto eu preparava as malas e os documentos que eu precisava trazer para me empossar no concurso e me instalar na nova cidade. Então, chegando aquele dia, de passagem comprada, eu me acordei bem cedo, tentei aproveitar ao máximo aquele último dia de residente daquela casa com minha família e quando a tarde chegou saí de casa para a rodoviária e comecei essa caminhada na minha vida.

Daquele ano (2012) em diante eu vivi muitas experiências na minha vida e que me marcaram pra sempre. Eu fiquei um mês sem poder ir ver minha família, morava num quartinho de pensão, com um banheirinho coletivo bem precário e éramos só Deus e eu, mas aos poucos Ele foi me trazendo pessoas que deixariam mais fáceis os meus dias aqui. Eu, por muito tempo disse que 2012 foi o ano da minha vida! Meses mais tarde eu comecei um namoro que em 11 meses evoluiu para matrimônio, casamento este que durou 5 anos (Terminando na transição de semestres do ano passado. O divórcio, se Deus quiser, será averbado ainda neste mês presente).

Se passaram 7 anos. O número 7, se nos atentarmos para a bíblia, enumera passos de processos para conquistas, vitórias, coisas boas. 7 voltas em redor das muralhas de Jericó, 7 mergulhos no Jordão para cura do leproso, 7 castiçais da visão de João e por aí vai… Vejo esses anos como um período em que cresci. E eu errei muito, confesso. Talvez, tenham sido mais erros do que acertos, mas o importante é que tudo isso eu vivi e ainda estou aqui. Crescer, amadurecer é um processo, como os mergulhos de Naamã, não sei dizer se por estar nesse sétimo ano aqui eu esteja também no sétimo mergulho. Talvez, eu não tenha que mergulhar apenas sete vezes. Muitas vezes eu me sinto navegando em águas calmas, outras vezes me sinto à deriva num mar muito bravio. Muitos momentos parece que estou ali perto de Jesus, na proa do barquinho a descansar com Ele, mas também existem as horas em que me sinto como Pedro, dando os primeiros passos sobre a superfície das águas, mas de repente sinto-me afogado pela agitação das águas atormentadas.

Estar aqui ainda é um milagre. Eu vi muita gente chegar, vi muita gente partir. Vi tempos mudarem, vi o mar se agitar, mas também o vi se acalmar e voltar a se atribular. Contudo, só posso agradecer porque, apesar de quem eu tenho sido, tão indigno, Deus é fiel.

Não sei por mais quanto tempo vou estar por aqui, mas sei que em tudo há um firme propósito que eu não preciso entender, mas que devo viver. Meu coração muitas vezes descansa, outras vezes grita em silêncio, mas o Consolador tem ouvido e intercedido por mim, mesmo sem que eu mereça. Não sei como finalizar esse texto, mas quero te encorajar a passar pelas portas que Deus te abrir e viver as aventuras que estão por detrás dessas portas.

Deus é sempre fiel!

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FIM

setembro 21, 2018

Como é difícil lidar com o fim!

É difícil lidar com o fim dos ciclos, fim do tempo de viver um momento tão precioso, não é fácil se conformar quando acaba uma comida ou bebida que a gente gosta muito e também não é nada legal quando chegam ao fim aquelas boas horas de sono ou de folga. Não é fácil lidar com o término, o fim de relacionamentos.

Nem tudo precisa ter fim, nem tudo deve ter um fim que seja como queremos e nem tudo tem fim porque realmente é o correto a se fazer ou porque é hora, muitas vezes é porque não nos dispomos a lutar mais ou não somos humildes pra reconhecer que precisamos viver em nós mesmos mudanças que podem transformar a situação que estamos vivendo de ruim para boa ou de boa para melhor, mas todas as escolhas devem ser respeitadas e feitas com a consciência de que suas conseqüências, quer sejam agradáveis quer sejam incômodas, virão sobre nossos ombros.

Nesses 27 anos de existência já vivi finais felizes, já vivi finais tristes e não foram os últimos, eu sei. Tenho aprendido que tudo aqui neste mundo é efêmero, inclusive a felicidade, pois a traça pode corroer e os ladrões podem roubar. E há alguns anos atrás escolhi me enveredar por um caminho que julguei que seria muito feliz, convidei pessoas para que trilhassem essas veredas comigo, mas de repente me vi na incerteza de seguir em frente, voltar atrás, tomar outras direções, continuar em companhia dos que comigo andavam ou me despedir deles. E andar sozinho foi o que escolhi.

Tomar um novo rumo, seguir estrada sozinho, foi uma decisão difícil e que levou tempo para ser tomada e externada. Para estar só foi necessário despedir-me daqueles que partilhavam a jornada comigo e, por mais amigável que tenhamos tentado nos dividir, as coisas não são fáceis como desejamos. Sempre ficam arestas, sempre ficam questões mal resolvidas e não se tem a sensação de um assunto encerrado, de uma última palavra ou de se chegar ao adeus definitivo.

Eu não quero agora e nem quis antes magoar, ferir, entristecer a quem esteve comigo, mas preciso ter paz pra seguir em frente e dar paz pra que sigam em frente. Nunca quis e nem quero lesar a ninguém, bem como não quero que o façam a mim. Encerro esse ciclo, essa “sociedade” desejando sinceramente, paz, amor, felicidade, saúde e ricas bênçãos àqueles que deixo e, com toda humildade e verdade, peço-lhes perdão pelos males que porventura fiz. Nunca quis fazer mal a quem quer que fosse e não nasci para isso. Agora preciso e quero andar em paz e sozinho.

Obrigado!

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Sodoma e Gomorra de hoje em dia

novembro 21, 2017

O que está acontecendo com a igreja, principalmente, a juventude hoje em dia?
Parece que as pessoas deixaram de acreditar que a vida terrena não é eterna e que depois daqui há uma outra vida, que é de fato eterna. As pessoas parecem não mais acreditarem no céu ou no inferno, na vinda de Jesus como Ele mesmo prometeu em sua ascensão.

Estamos tão apegados às coisas daqui da Terra, queremos cada vez ter mais: mais conforto, mais status, mais dinheiro, mais bens materiais, mais que o outro e nos esquecemos das traças, dos ladrões… Se Deus der, Ele é Bom, mas se não der deixa de ser Deus ou, pelo menos, o nosso Deus. Parecemos estar em uma geração mais moderna de Sodoma e Gomorra… as pessoas estão novamente envaidecidas em sua sensualidade, casam-se e dão-se em casamento, querem deturpar o que Deus criou, querem mudar o curso natural de tudo.

Jovens não sabem mais o que é orar, ler a bíblia…quando leem, lembram-se apenas das promessas, das bem-aventuranças e não podem ter experiências mais profundas porque “ah!… são só meninos, ainda não têm entendimento.”. No final da década de 90 e início dos anos 2000 crianças profetizavam, pregavam, tinham visões e tinham uma presença tão forte de Deus em si. Porque hoje seria diferente? Será que Deus mudou? Não! A resposta é não. Nós é que estamos mudados, nos tornando verdadeiros apóstatas.

“Se Jesus voltar agora, minha vida está tão bagunçada que nem sei pra onde vou!”, mas é claro que sabemos, só não queremos admitir. O céu é de verdade, graças a Deus, mas o inferno é tão real quanto e não foi pra lá que Deus nos criou, não se doeu tanto no Seu sacrifício para isto.

A porta da graça ainda está aberta, mas chegará o tempo em que ela vai se fechar. Arrependemo-nos e voltemos às primeiras obras, ao primeiro amor… “Volta, ó Israel, para o teu Deus, porque pelos teus pecados tens caído.” Oséias 14:1.