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Vinte e oito de fevereiro de 2019

março 11, 2019

O texto está com um certo atraso, mas ainda é tempo de falar sobre essa data específica.

Neste último dia 28 de fevereiro eu completei sete anos de estadia em Catas Altas.

Eu ainda me lembro das muitas dúvidas e incertezas, da indecisão, da insegurança de deixar toda a estrutura que eu havia adquirido em Belo Horizonte, do conforto da minha família (de quem eu nunca havia me afastado dessa maneira), dos meus amigos, da igreja que eu frequentava. Eu era só um menino. Tinha acabado de passar por um período muito turbulento, emocionalmente falando, e sinceramente não sabia o que seria da minha vida, estava tão frágil, tão machucado que até respirar era uma tarefa muito dolorida. E naquele momento, sair do seio familiar, da cidade onde fui criado, da casa onde eu tinha tudo na mão, do emprego que eu tinha e da comunidade em que eu vivia não me parecia ser a melhor ideia, ainda mais porque Catas Altas era um destino que para mim meses antes teria outra finalidade. Eu não queria mais vir, mas me tornar um servidor público era um sonho antigo que sempre pensei que não fosse alcançar porque, sim, me subestimava ainda mais do que faço hoje. Mas minha avó é uma mulher de muita oração e poucos anos antes, me lembro bem, ela recebeu de Deus um pedido especial que era para que cuidasse de mim. Não bastasse a forte ligação que já tínhamos, ficamos ainda mais unidos. Vovó orava nas madrugadas, orava na igreja, no pé da cama, subia montes e faltou me “queimar” na “fogueira santa” (risos), e ela pôde perceber que Deus tinha em Seus planos que eu viesse pra cá, só assim tivemos paz de tomar essa decisão.

Uma semana antes do dia 28, uma pequena comitiva formada por meu pai, minha avó e uma tia-avó me acompanhou até Catas Altas, onde procuramos um lugar para que eu pudesse me instalar e resolvemos tudo. Aquela semana passou muito rápido enquanto eu preparava as malas e os documentos que eu precisava trazer para me empossar no concurso e me instalar na nova cidade. Então, chegando aquele dia, de passagem comprada, eu me acordei bem cedo, tentei aproveitar ao máximo aquele último dia de residente daquela casa com minha família e quando a tarde chegou saí de casa para a rodoviária e comecei essa caminhada na minha vida.

Daquele ano (2012) em diante eu vivi muitas experiências na minha vida e que me marcaram pra sempre. Eu fiquei um mês sem poder ir ver minha família, morava num quartinho de pensão, com um banheirinho coletivo bem precário e éramos só Deus e eu, mas aos poucos Ele foi me trazendo pessoas que deixariam mais fáceis os meus dias aqui. Eu, por muito tempo disse que 2012 foi o ano da minha vida! Meses mais tarde eu comecei um namoro que em 11 meses evoluiu para matrimônio, casamento este que durou 5 anos (Terminando na transição de semestres do ano passado. O divórcio, se Deus quiser, será averbado ainda neste mês presente).

Se passaram 7 anos. O número 7, se nos atentarmos para a bíblia, enumera passos de processos para conquistas, vitórias, coisas boas. 7 voltas em redor das muralhas de Jericó, 7 mergulhos no Jordão para cura do leproso, 7 castiçais da visão de João e por aí vai… Vejo esses anos como um período em que cresci. E eu errei muito, confesso. Talvez, tenham sido mais erros do que acertos, mas o importante é que tudo isso eu vivi e ainda estou aqui. Crescer, amadurecer é um processo, como os mergulhos de Naamã, não sei dizer se por estar nesse sétimo ano aqui eu esteja também no sétimo mergulho. Talvez, eu não tenha que mergulhar apenas sete vezes. Muitas vezes eu me sinto navegando em águas calmas, outras vezes me sinto à deriva num mar muito bravio. Muitos momentos parece que estou ali perto de Jesus, na proa do barquinho a descansar com Ele, mas também existem as horas em que me sinto como Pedro, dando os primeiros passos sobre a superfície das águas, mas de repente sinto-me afogado pela agitação das águas atormentadas.

Estar aqui ainda é um milagre. Eu vi muita gente chegar, vi muita gente partir. Vi tempos mudarem, vi o mar se agitar, mas também o vi se acalmar e voltar a se atribular. Contudo, só posso agradecer porque, apesar de quem eu tenho sido, tão indigno, Deus é fiel.

Não sei por mais quanto tempo vou estar por aqui, mas sei que em tudo há um firme propósito que eu não preciso entender, mas que devo viver. Meu coração muitas vezes descansa, outras vezes grita em silêncio, mas o Consolador tem ouvido e intercedido por mim, mesmo sem que eu mereça. Não sei como finalizar esse texto, mas quero te encorajar a passar pelas portas que Deus te abrir e viver as aventuras que estão por detrás dessas portas.

Deus é sempre fiel!

5 comentários

  1. Lindo texto. Desabafo…


    • Muito obrigado pelo carinho, tia Sônia!
      Muitas vezes, nossos dias escuros podem ser lanterna acesa pra clarear o caminho dos outros.


  2. Texto para uma boa reflexão.
    Às vezes temos que sair da nossa zona de conforto para aproveitar o que Deus preparou para nós.Com certeza aprendeu muita coisa nesses 7 anos e tenho certeza que continuar sendo fiel a Deus vai fazer de você um grande vencedor !


    • Muito obrigado pelas palavras, Ana.
      Me constrange ver todos os dias o quanto não mereço, mas o quanto Ele me abençoa e me agracia com um amor tão grande, com uma paternidade incrível que eu nunca serei capaz de retribuir.


  3. Gosto do que vc escreve .



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